terça-feira, 7 de julho de 2009

PANIS CIRCENSES


O melhor da crise, seu ápice, cu-minante (mil perdões pelo trocadilho, não resisto) é a morte do megastar pop. Após comer o pão que o Diabo amassou (quem será que deu essa profissão tão honrada ao cramunhão?) e morar uma temporada na Terra do Nunca ("acompanhado" dos meninUs perdidos) Maicon Dhéksu morreu.
Mais melhor ainda (me perdoem superlativar o superlativo, mas essa oportunidade só aparece uma vez na vida, no caso, na morte), é ver que uma prática antiquíssima, e recorrentemente tradicional em países ocidentais desde então, continuará forte, mesmo nesses tempos de crise. Trata-se do circu (não resisti novamente) dos festejos fúnebres do megastar pop. Pão e Circo continua sendo a melhor política ocidental - dão alguma coisa para o povo comer e um espetáculo esdrúxulo, geralmente envolvendo a defenestração e morte de alguém ou alguma coisa (nesse caso raríssimo, tudo isso pode ser dito da mesma entidade) enterro, neste caso não significa que alguém será realmente levado à cova - como tudo nesse caso é mega, haverá uma exposição do corpo, como se expõe um troféu ou uma jóia. Expectadores esquálidos, alguns esqueléicos, outros obessos, mas todos sedentos de seu megamomento, ganham ingressos para o show, ou deveria dizer espetáculo mambembe?
Não sei ser justo, e, o bom da crise é que a justiça também fica crítica, mas ainda penso naquele filósofo (não resisto aos gregos) "Morrer mais cedo, morrer mais tarde – é questão irrelevante; relevante é, sim, saber se se morre com dignidade ou sem ela, pois morrer com dignidade significa escapar ao perigo de viver sem ela" (SENECA. Carta 70, 5-6)

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